Iniciávamos os anos sessenta, em mim ainda estava guardada a lembrança da Copa do Mundo de 1958, principalmente daquela partida contra o País de Gales, quando o Brasil, com grande dificuldade venceu por 1 x 0, graças ao talento e a categoria de um novo rei (Pelé) que surgia para o mundo do futebol. Naquela época, não tínhamos imagens diretas pela televisão, acompanhávamos os jogos da Copa, através do rádio, onde ficávamos a mercê dos locutores esportivos, que através de suas narrações emocionantes e apaixonadas, traziam até nós as exibições da nossa Seleção nos campos da Suécia; naquela jornada memorável da conquista da nossa primeira Copa do Mundo, cantada em verso e prosa nos quatro cantos do nosso querido Brasil. Natal ainda não possuia um estádio de futebol adequado para apresentação de uma equipe do nível do Santos Futebol Clube, o time de Pelé e companhia. Os jornais e emissoras de rádio locais, anunciavam uma apresentação do Clube Praiano na cidade do Recife/Pe, distante cerca de 270 quilometros de Natal. De imediato me reuni com alguns colegas e fretamos uma Kombi para irmos até a Veneza Brasileira, com o intuito de conhecer aquele elenco de craques maravilhosos.Para evitarmos qualquer imprevisto, partimos no dia anterior da data prevista para realização da partida, um sábado à tarde, chegando lá no início da noite. Ficamos alojados num pequeno hotel, péssimamente acomodados em quarto apertadíssimo com camas e redes; pois não tínhamos condições financeiras para procurar melhores acomodações. No domingo pela manhã, procuramos conhecer a praia de Boa Viagem. No percurso, entramos numa tremenda contra-mão, causando uma certa confusão no trânsito, quando fomos largamente elogiados com adjetivos impublicáveis. Chegando à praia, tomamos algumas cervejas e caipirinhas, limpamos nossas vistas, olhando de perto aquelas morenas deitadas de todo jeito na areia, sem saber que estavam influindo na batida do coração de alguns visitantes, desacostumados com exibições daquelas peças cada vez menores. Voltamos para o hotel, e para surpresa do grupo, fomos roubados, com as malas abertas e os ingressos que compramos com grande dificuldade, no dia anterior, para assistirmos o grande jogo, haviam desaparecidos. Almoçamos, corremos para as proximidades do Estádio da Ilha do Retiro, já era tarde, Inês estava morta, portões fechados, não existiam nem mais os tradicionais cambistas. Adeus Pelé, Mauro, Gilmar, Coutinho, Zito, Mengálvio e Pepe. Assim terminou minha primeira grande aventura para ver o Rei jogar. Só consegui no ano de 1972, quando foi inaugurado o Castelão, durante o Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão num jogo contra o nosso querido ABC.
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